Bronquite Infecciosa na indústria de carnes brasileiras
Publicado em:
25 Novembro 2022
INTRODUÇÃO
A Bronquite infecciosa (BI) das aves, é uma das doenças mais antigas e estudadas da avicultura mundial.
Mesmo assim, continua sendo uma das doenças de difícil controle, sendo considerada a segunda doença infecciosa de maior impacto econômico da indústria avícola mundial (Banco Mundial, 2011). No Brasil, relatos da indústria, publicações científicas e acompanhamento de empresas de todas os setores da indústria de carnes de todo o Brasil, confirmam que a BI é a doença infecciosa responsável por impactos econômicos no Brasil. Porém, o seu impacto, não se resume em aspectos financeiros, mas também outros que serão relatados de forma breve neste material técnico preparado pela equipe Ceva Brasil, um guia simples e prático com orientações e informações que ajudaram, primeiro na identificação da doença e seus impactos, e segundo, na implementação de programas preventivos eficazes.
10 PRINCIPAIS DOENÇAS AVIÁRIAS
PATOGENIA
O vírus da BI é considerado um patógeno respiratório, pois os primeiros ciclos de replicação viral acontecem no trato respiratório das aves. Porém, após viremia, o vírus pode se replicar em células epiteliais de diferentes sistemas da ave. Dependendo de vários fatores intrínsecos ao hospedeiro, agente e ambiente, o quadro clínico e sua severidade pode variar. Nem sempre as infecções com vírus de campo levam a manifestações do tipo respiratória. Análises laboratoriais detectaram vírus selvagem de campo em lotes sem sinais respiratórios, mas com mortalidade final aumentada, menor ganho de peso e pior conversão alimentar quando comparados com lotes não infectados. Vírus, nefropatogênicos, levam a aumento da mortalidade final sem evidência de doença respiratória. Isto justifica a pesquisa do vírus da Bronquite Infecciosa (VBI) com auxílio das técnicas moleculares em lotes apresentando aumento da mortalidade final e indicadores produtivos ruins.
EXTESÕES DAS CONSEQUÊNCIAS DAS
INFECÇÕES DE CAMPO
As consequências e perdas causadas pelo VBI não apenas incluem as granjas de frango de corte e matrizes, mas também outros setores. Assim, infecções nas granjas de matrizes ou avôs, as perdas diretas (por exemplo, mortalidade, medicação e fertilidade) não serão as únicas que afetaram a produtividade da empresa. Os prejuízos atingirão também o incubatório com a redução de vários indicadores de produtividade (taxa de eclosão por exemplo). Ainda, a progênie de um lote de matrizes infectada, terá um baixo desempenho inicial na granja de frango de corte devido à sua qualidade inferior o que facilitará a apresentação de quadros bacterianos nos primeiros 10 dias de vida.
Da mesma forma, desafios de campo na granja de frango de corte, afetarão parâmetros zootécnicos das aves (incluindo mortalidade final e despesas com tratamentos antimicrobianos), mas também acontecerá aumento da mortalidade durante o transporte ao frigorífico. No abatedouro, as perdas também podem ser diretas (condenações sanitárias), mas também aumentará o custo de produção de carcaça devido ao aumento de horas paradas ou diminuição da velocidade na linha de abate para fazer as condenações.
LOCAL DE ENTRADA DOS VÍRUS E AS EXTENÇÕES DOS IMPACTOS
A INFECÇÃO NAS GRANJAS DE MATRIZES
Após replicação no trato respiratório, o vírus se replicará em outros tecidos levando a vários transtornos (rim: nefrite e falha renal que levaram a intoxicação e mortalidade) e principalmente no trato reprodutivo. Os sinais e alterações nos ovos são variados e dependem da região afetada.
Tabela abaixo descreve os principais parâmetros afetados pelo VBI. Pode-se ver que mesmo não sendo um agente transmitido verticalmente, os efeitos atingem até o pintinho de primeira semana.
A INFECÇÃO NAS GRANJAS DE FRANGO DE CORTE
São vários os parâmetros de produtividade (granja) e de rendimento (abatedouro) que serão afetados direta e indiretamente após infecções de campo. Nem sempre as principais perdas estão localizadas nos mesmos indicadores. Assim, dependendo de cada realidade, as perdas podem ser decorrentes de condenações por aerossaculite, conversão alimentar, minutos parados ou diminuição da velocidade da linha de abate.
DIAGNÓSTIO LABORATORIAL - SOROLOGIA
Devido à diversidade dos quadros clínicos resultantes da infecção, é necessário a confirmação laboratorial. As técnicas sorológicas (ELISA) foram usadas por muito tempo para o diagnóstico em lotes de frango de corte e matrizes. Porém, acompanhamentos comparativos, mostraram claramente a impossibilidade destes testes para detectar infecções tardias. Ou seja. Se a infecção aconteceu pouco tempo antes da coleta (< 20 dias) não serão detectados anticorpos resultantes da infecção.
Para lotes de matrizes, se recomenda, fazer análises pareadas: no momento do quadro clínico e 4 a 5 semanas após quadro clínico (segunda coleta). Evidência de aumento de títulos sorológicos poderá confirmar o desafio de campo.
DIAGNÓSTIO LABORATORIAL - MOLECULAR
As técnicas moleculares são cada vez mais usadas devido à sua capacidade para detectar infecções precoces, serem rápidas e práticas, e permite conhecer o genótipo do agente infeccioso detectado (variante). Porém, é necessário atenção no momento da coleta e tipos de órgãos coletados. O vírus da Bronquite Infecciosa não estabelece infecções latentes, após replicação em vários tecidos das aves, ele é removido da ave. Desta forma, recomenda-se fazer as coletas próximo do aparecimento o quadro clínico. As amostras de suabes de cloaca, mostram-se as mais indicadas devido à maior taxa de detecção em fezes e tonsilas cecais pós infecção e pela facilidade de coleta sem ter que sacrificar aves valiosas (suabes de cloaca).
A REALIDADE BRASILEIRA
A BI vem acometendo a indústria brasileira desde a década de 50. Desde final da década de 70, esforços intensos foram implementados utilizando várias doses de vacinas vivas com cepa Massachusetts e inativadas contendo as cepas Massachusetts e D274. As vacinações eram realizadas tanto no incubatório e na granja (frangos de corte) e nas fases de recria e produção (aves de vida longa). Mas todos estes esforços se mostraram insuficientes para o controle eficaz desta doença.
PROGRAMAS CONVENCIONAIS EM FRANGOS DE CORTES
PROGRAMAS CONVENCIONAIS EM MATRIZES
A INFECÇÃO EM GRANJAS DE FRANGOS DE CORTE
PRINCIPAIS EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS DAA REPLICAÇÃO DO VBI EM CÉLULAS DE DIFERENTES ÓRGÃOS EM FRANGOS DE CORTE
BASES CIENTÍFICAS PARA O CONTROLE DA BRONQUITE INFECCIOSA
Inúmeras publicações científicas demostraram que o melhor controle se obtém quando as cepas vacinais são homólogas ao vírus de campo. Cepas heterólogas oferecem proteção parcial. Assim, a melhor proteção se obtém quando a cepa vacinal é semelhante ao vírus de campo.
NÍVEL DE PROTEÇÃO CONTRA BRONQUITE INFECCIOSA USANDO CEPAS VACINAIS HOMÓLOGAS E HETERÓLOGAS AO VPIRUS DE DESAFIO
SEMELHANÇA MOLECULAR ENTRE CEPAS VACINAIS DISPONÍVEIS NO BRASIL E A CEPA DE CAMPO MAIS PREVALENTE (CEPA BR)
NOVOS PROGRAMAS VACINAIS CONTRA A BRONQUITE INFECCIOSA
A inclusão da cepa vacinal BR (viva e inativada) nos programas vacinais de frangos e matrizes, além de maior proteção, permite a eliminação da revacinação na granja de frangos de corte e durante a fase de produção de ovos no caso de granjas de matrizes.
PROGRAMA - FRANGO DE CORTE (ÚNICA DOSE NO INCUBATÓRIO VIA SPRAY)
PROGRAMA - MATRIZES
IMPACTO DA BRONQUITE INFECCIOSA SOBRE A DISPONIBILIDADE DA CARNE
A Bronquite Infecciosa afeta vários parâmetros nas granjas de frangos de corte, causando perdas econômicas diretas, mas também diminuindo a disponibilidade de carne para a comercialização no frigorífico.
PERDAS CAUSADAS PELO VÍRUS BR EM PARÂMETROS DA GRANJA DE FRANGOS DE CORTE QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE CARNE DE FRANGO (100 MILHÕES DE AVES AVALIADAS)
PERDAS CAUSADAS PELO VÍRUS BR EM PARÂMETROS DO ABATEDOURO QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE CARNE DE FRANGO (100 MILHÕES DE AVES AVALIADAS)
A Bronquite infecciosa afeta vários parâmetros nas granjas de matrizes, causando econômicas diretas, mas também diminuindo a disponibilidade de carne para final da cadeia.
Após controle eficiente de lotes de frango de corte mediante vacinação contra o vírus BR, os lotes apresentam-se saudáveis, com melhor nos principais indicadores de produtividade, tudo verificado por monitorias sorológicas que mostram uma redução dos títulos sorológicos, o que é uma evidencia do controle da circulação de vírus de campo nas granjas.